Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos.pdf
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Direcção de
JOÃO BRANQUINHO
DESIDÉRIO MURCHO
NELSON GONÇALVES GOMES
ENCICLOPÉDIA DE TERMOS
LÓGICO-FILOSÓFICOS
2005
©
2000-2005 João Branquinho, Desidério Murcho e Nelson Gomes
Índice
Prefácio ..................................................................................................................................... 5
Autores ...................................................................................................................................... 9
Enciclopédia de A a Z ............................................................................................................. 11
Índice de artigos .................................................................................................................... 729
3
Prefácio
Esta enciclopédia abrange, de uma forma introdutória mas desejavelmente rigorosa, uma
diversidade de conceitos, temas, problemas, argumentos e teorias localizados numa área relativa-
mente recente de estudos, os quais tem sido habitual qualificar como «estudos lógico-filosóficos».
De uma forma apropriadamente genérica, e apesar de o território teórico abrangido ser extenso e
de contornos por vezes difusos, podemos dizer que na área se investiga um conjunto de questões
fundamentais acerca da natureza da linguagem, da mente, da cognição e do raciocínio humanos,
bem como questões acerca das conexões destes com a realidade não mental e extralinguística. A
razão daquela qualificação é a seguinte: por um lado, a investigação em questão é qualificada
como filosófica em virtude do elevado grau de generalidade e abstracção das questões examina-
das (entre outras coisas); por outro, a investigação é qualificada como lógica em virtude de ser
uma investigação logicamente disciplinada, no sentido de nela se fazer um uso intenso de concei-
tos, técnicas e métodos provenientes da disciplina de lógica.
O agregado de tópicos que constitui a área de estudos lógico-filosóficos é já visível, pelo
menos em parte, no
Tractatus Logico-Philosophicus
de Ludwig Wittgenstein, uma obra publicada
em 1921. E uma boa maneira de ter uma ideia sinóptica do território disciplinar abrangido por
esta enciclopédia, ou pelo menos de uma porção substancial dele, é extrair do
Tractatus
uma lista
dos tópicos mais salientes aí discutidos; a lista incluirá certamente tópicos do seguinte género,
muitos dos quais se podem encontrar ao longo desta enciclopédia: factos e estados de coisas;
objectos; representação; crenças e estados mentais; pensamentos; a proposição; nomes próprios;
valores de verdade e bivalência; quantificação; funções de verdade; verdade lógica; identidade;
tautologia; o raciocínio matemático; a natureza da inferência; o cepticismo e o solipsismo; a indu-
ção; as constantes lógicas; a negação; a forma lógica; as leis da ciência; o número.
Deste modo, a área de estudos lógico-filosóficos abrange não apenas aqueles segmentos da
lógica propriamente dita (liberalmente concebida) que são directa ou indirectamente relevantes
para a investigação filosófica sobre a natureza da linguagem, do raciocínio e da cognição
(incluindo, por exemplo, aspectos da teoria dos conjuntos e da teoria da recursão), como também
um determinado conjunto de disciplinas filosóficas — ou melhor, de segmentos disciplinares —
cuja relevância para aqueles fins é manifesta e que se caracterizam pelo facto de serem logica-
mente disciplinadas (no sentido acima aludido). Entre estas últimas contam-se as seguintes disci-
plinas: 1) aquelas que foram originariamente constituídas como extensões da lógica, ou seja, dis-
ciplinas como a filosofia da linguagem executada na tradição analítica, a filosofia da lógica, a
filosofia da matemática, alguma da filosofia da mente mais recente, etc.; 2) aquelas cujo desen-
volvimento foi de algum modo motivado ou estimulado por desenvolvimentos surgidos no inte-
rior da lógica, como certas secções da actual metafísica, ontologia, teoria do conhecimento, etc.
Com respeito à lógica propriamente dita, é bom notar que houve uma preocupação central no
sentido de que a enciclopédia abrangesse de uma forma exaustiva as noções e os princípios mais
elementares ou básicos da disciplina. Muito em particular, a exigência de completude deveria ser
naturalmente satisfeita com respeito ao material nuclear — conceitos, princípios, regras de infe-
rência, etc. — da lógica clássica de primeira ordem (e também da lógica aristotélica); ilustrando,
coisas como as leis de De Morgan, o princípio
ex falso quod libet,
os paradoxos da implicação
5
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