A Politica no Limite do Pensar - Jose Arthur Giannotti.pdf

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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."
SUMÁRIO
PREFÁCIO
A CONTRADIÇÃO RENOVADORA
1. A VIOLÊNCIA DA VITÓRIA: O CASO GREGO
2. O TERROR REVOLUCIONÁRIO
3. DISPOSITIVOS DA DOMINAÇÃO
4. DIÁLOGO COM O MARXISMO
5. PARA MELHOR COMPREENDER A DECISÃO POLÍTICA
6. PARA TERMINAR SEM CONCLUIR
APÊNDICE — CONTRA-DICÇÃO
CRÉDITOS
Prefácio
Este é um texto de intervenção. Não é um artigo que segue os padrões atuais da grande imprensa,
em que não se pode ir muito além de 6 mil caracteres, o que limita, e muito, o espaço da reflexão.
Também não é um livro em que os problemas podem ser analisados e revisados para que possam
demarcar seus terrenos de validade. Trata-se de um ensaio que visa diretamente questionar modos
tradicionais de pensar a política, levando em conta certos ganhos que a lógica contemporânea logrou,
principalmente a partir dos trabalhos de Frege e de Russell e da crítica minuciosa de Wittgenstein.
Política é disputa pelo poder. Assim enunciadas, essas palavras dizem pouca coisa, e não raro
embaralham os problemas. “Disputa” é entendida de diversas maneiras, mas, tanto à esquerda como à
direita, principalmente como contradição. No seu sentido estrito, a contradição, como junção de uma
proposição e sua negativa, bloqueia o pensamento, porquanto, sendo posta, dela se pode deduzir
qualquer sentença. Hegel faz dela o núcleo de qualquer devir, mas para isso pensa o ser e o nada se
determinando mutuamente vindo a ser a partir dessa tensão. Ao pensar a luta de classes como uma
contradição, Marx se ajusta a esse modelo. Somente assim pode ver nos conflitos do capital e do
trabalho um vetor que os supere e conserve suas potencialidades, criando outra figura que abriria uma
nova época da história. No entanto, se a contradição é uma figura do discurso, como ela pode penetrar
todo o real? Somente se ambos, o discurso e o real, tiverem a mesma estrutura.
Marx nunca poderia aceitar esse “idealismo”. Contudo essa recusa deixa uma sobra no seu
pensamento político. A passagem do capitalismo para o socialismo demanda a destruição do Estado,
que no fundo é a imagem das relações capitalistas posta a serviço delas, e a substituição da política
pela organização racional dos assuntos humanos. O resultado, como sabemos, foi o terror
revolucionário, cada vez mais terror quando se tornava menos revolucionário.
Contrapondo-se fervorosamente ao marxismo, o jurista alemão Carl Schmitt também pensou a
política como uma contradição, aquela entre amigos e inimigos, que articularia os homens antes
mesmo que o Estado se organizasse como instância do poder — contradição que se resolve quando os
amigos se aglutinam num soberano, aquele capaz de decidir os casos de exceção. Nada mais natural
então que aderisse ao nazismo.
Obviamente não tracei mais do que a caricatura desajeitada dos problemas que pretendo estudar.
Mas é o caminho mais rápido para sublinhar que, ao partir da contradição para tentar entender a
política, abre-se uma brecha que pode encaminhar a decisão para o lado do terror. Compreende-se,
assim, por que alguns autores, procurando evitar esse caminho mergulham ou na solução bem
ajustada do comportamento racional em vista dos fins dados ou nos equilíbrios do contrato social. No
entanto, mudamos de patamar se levarmos em conta que os conceitos de contradição e de decisão
ganham novo sentido depois do tsunami que atingiu a filosofia no século
XX
. Aliás, a história da
filosofia não é a narração dessas grandes avalanches? De um lado, a fenomenologia heideggeriana
retoma o conceito de práxis, ao dar enorme ênfase às questões relativas à decisão, entendidas muito
mais como abertura para o Ser do que atividade meramente humana. E a abertura para o Ser é
configurada pela linguagem. De outro lado, Wittgenstein, ensinando que o sentido das palavras se
articula nos seus usos, passa a estudar a contradição no nível das linguagens cotidianas. Definida
formalmente, ela vale tão só para os sistemas formais, deixando na sombra seu funcionamento nos
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